24 de junho de 2010

O que precisam para ser felizes?

Foto: Reprodução

Desde cedo aprende a bordar, cozinhar e limpar. Claro, tudo faz parte de uma educação voltada única e exclusivamente para sua própria felicidade. Não podemos nos esquecer de toda preocupação dedicada aos cuidados com a beleza física e comportamental, devendo sempre exalar doçura e suavidade. É, até porque, caso todas essas exigências não sejam cumpridas à risca, a felicidade tão sonhada e desejada acabará por ser uma frustração. Fundamento tal afirmativa. Se não fazem “cama, mesa e banho”, não se envaidecem para atrair atenção alheia, não exibem doçura, sutileza no andar, falar, e em tudo quanto fazem, os seus pretendentes podem não achá-las mulheres à sua altura. Logo, lá se vai a oportunidade de ser feliz, pois toda educação que elas recebem é para que, no futuro, possam encontrar um bom partido, rico, diga-se de passagem. É, estou falando dos contos de fadas, não perceberam ainda?

A Branca de Neve só pode ser “feliz para sempre” ao encontrar seu príncipe encantado. Já com a Cinderela, aconteceu diferente... Quer dizer, não! Ela também só pode ser feliz ao lado de um príncipe. Vale salientar que se a mesma não fosse prendada, jamais o teria conseguido. Sabe, é por isso que gosto da Mulan. Tudo bem que ela, para variar, só foi feliz ao lado do...? PRÍNCIPE!!! Porém, o conto não deixou tão forte a mensagem de que somente um homem pode trazer a felicidade feminina, afinal, ela mostrou que conseguia muita coisa mesmo na condição de menina (não esperou o príncipe chegar), o que não é muito aceito por alguns fulanos, crentes que apenas a presença masculina lhes dá uma boa vida.

Tá ok que, de fato, o ser humano, seja homem ou mulher, necessita de companhia, mas chega dessa de “menina prendada para conseguir um bom partido que lhes dê uma vida digna e cheia de conforto”. Nós mulheres podemos conseguir o castelo e depois o príncipe, ao invés de tê-lo como único meio de chegar ao castelo. Ai, ai...! Essa dependência remete à mulher vitoriana; não tinha vez nem voz, apenas tinha de sucumbir aos desejos masculinos, devendo estar sempre a postos quando requisitada. Mas isso já é assunto para uma próxima postagem...

Por Ysabelly Morais

21 de junho de 2010

Homem não presta

– Você me ama? – Perguntou ela.
– Amo. – Respondeu ele. Os dois estavam deitados na areia da praia olhando as estrelas, idéia dela. “Era romântico!”
– Muito?
– Muito.
– Quanto?
– Como assim quanto?
– É, quanto, tipo o seu amor por mim é maior que o universo, essas coisas...
– Mas ninguém sabe o tamanho do universo, gatinha.
– Por isso mesmo.
– E se o universo não tiver fim?
– Está dizendo o quê? – Disse ela se sentando. – Que o seu amor por mim tem fim?
– Não, claro que não. Meu amor por você é maior do que o universo, seja o universo do tamanho que for. – Disse por fim, o que a fez deitar novamente. – Mesmo com as suas complexidades.
– Como assim complexidades? – Disse ela se sentando novamente para encará-lo. – O que você quer dizer com isso, que eu não sou normal?
– Não, não. Que estar com você é algo especial, eu faço descobertas todos os dias, você é mais surpreendente do que eu pensei.
– Jura? – Disse ela se acalmando e voltando a se deitar.
– Juro, você é tudo o que eu sempre sonhei, uma mulher completa, com seus defeitos e qualidades.
– Que defeitos?
– Como assim defeitos?
– Defeitos, você disse que eu tinha defeitos. – Falou e se sentou mais uma vez.
– Pois é, tinha, não tem mais.
– Você está mentindo pra mim. – Falou ela, chorosa.
– Não estou mentindo, estou lhe poupando de certas verdades que você não aceita muito bem, e sabe por que faço isso? Porque te amo. Porque se eu não te amasse, não ia agüentar esses seus chiliques o tempo todo, a sua desconfiança e os seus ciúmes, a sua falta de modos à mesa, o seu mau gosto para me dar presentes, a sua mãe, aquele seu tio que só sabe contar piada de papagaio, a comida da sua avó...
– Seu cretino, seu safado... Eu não quero te ver nunca mais na sua vida!
– Na minha. Além de tudo ainda é burra.
– O quê?
– Nada.
– Eu sabia, eu sabia, minha mãe sempre disse que homem não vale nada, nem um tostão furado. Eu vou embora.

Ela se levantou e se foi. Ele ficou ali deitado por algum tempo e, só depois que foi assaltado, resolveu ir embora.

Por Hévilla Wanderley