10 de setembro de 2010

Irmão caçula

Atire a primeira pedra quem nunca se desesperou quando sua mãe disse:

- Você vai ter um irmãozinho!
- Eu?
- É. Não é maravilhoso?

Ô! Alguém para dividir meu quarto. Meus brinquedos. Meus pais. Sem contar nos milhares de presentes que eu deixarei de ganhar graças a ele. Realmente, que maravilha.

Eu não estou sendo egoísta, mas convenhamos: quem é que vai levar toda a culpa por tudo o que acontecer a partir de agora? É você, meu querido irmão mais velho, afinal você é o responsável por você e pelo pestinha.

Tudo começa com aquele primeiro xixi na sua cara, depois a primeira mordida do primeiro dentinho que naturalmente será em você. E quando ele começa a andar. Fica seguindo seus passos e quer ir aonde você vai, se você não deixa, ele chora e sua mãe grita lá da cozinha:

- Não vai sair não. Se não Fernandinho vai chorar.

Essa é boa, agora você tem sua vida controlada por um moleque que só sabe babar, balbuciar e bagunçar, o seu quarto é claro.

O pior mesmo é quando chega o fim de semana, ele acorda antes do que todo mundo e não sossega até você acordar também, aí fica no pé da sua porta lhe chamando pelo nome, até sua mãe abrir a porta.

Então ele se dirige para sua cama, olha bem para o seu rosto adormecido, mete a mão na sua cara, e não é qualquer mãozinha não, é “A Tapa”, ninguém faz igual. Você acorda atordoado, ele sai correndo, você sai correndo atrás dele, a peste se esconde atrás da mãe e ela, é obvio te ameaça.

O que te resta é ir escovar os dentes, olhar para o espelho e ver no seu rosto a marca dos cinco dedinhos em altíssima definição.

Nada que você não possa se vingar mais tarde, quando vocês dois estiverem a sós assistindo televisão.

Por Hévilla Wanderley

7 de setembro de 2010

Quinze anos atrás...



Sábado passado completaram-se 15 anos desde a primeira exibição do seriado Xena: A Princesa Guerreira. Eu teria postado algo nesse dia, mas realmente só fui me lembrar da possibilidade ontem à noite. Então, pra não deixar passar uma data importante para mim, apesar de eu ter certeza que esse post vai causar um levante de dúvidas sobre a minha sanidade e eu terei que ouvir milhões de piadinhas, eu vou escrever hoje mesmo. Isso é um post nostálgico. Qualquer um com mais de 17 anos se lembra do seriado exibido pelo SBT entre 1996 e 1999 e mesmo que não acompanhasse já viu algum episódio ou ouviu falar em algum momento.

Me absterei aqui de apresentações, pois acredito não ser necessário. Quando a emissora do Tio Silvio começou a passar a série, eu tinha seis anos. Xena foi a primeira heroína da minha infância e, aos seis anos, eu queria ser igual a ela. Entrei nas aulas de karatê (pode rir agora). Aliás, é mérito da serie não se levar a sério. Apesar das últimas temporadas terem ganhado episódios com um tom mais sério, a brincadeira sempre foi a base de tudo. Xena tinha, drama, ação, romance, história e principalmente comédia, e misturava tudo com a destreza que possui aquele que é capaz de rir de sí mesmo. É aí que a série poderia ter sido um fracasso. Mas felizmente não foi assim, graças à dupla de protagonistas.

Não consigo imaginar ninguém que não Lucy Lawless na pele de Xena, bruta, engraçada, muitas vezes boba e outras tantas sentimental. Ela consegue equilibrar tudo na dose certa e se não fosse assim a série com certeza não se sustentaria. Reneé O’Connor no papel de Gabrielle, fiel escudeira de Xena (sim, aquela loirinha irritante que não cala a boca e anda com um cajado), consegue manter o mesmo equibrio e as duas têm uma química enorme. Apesar de ter ótimos coadjuvantes (o atrapalhado Joxer e o inesquecível Ares, deus da guerra), o seriado não se sustentaria, não fosse a química de sua dupla principal, assim como talvez sua memória não durasse tanto sem o carinho e a atenção de Lucy e Reneé, que fazem questão de manter contato com os fãs e aparecer em convenções de Xena e performar cenas clássicas dos episódios.

Xena fez parte não só da minha, mas da infância de muita gente, e se engana quem pensa que adultos não assisitiam. Hoje, nove anos após o fim do seriado, que terminou em 2001 em sua sexta temporada, ainda existe uma sólida base de fãs no mundo inteiro e vários países ainda reprisam os episódios. É figurinha comum em qualquer lista de melhores seriados e teve grande importância na consolidação do papel da heroína na tv. Muitos figurões dos bastidores da tv americana atual saíram de Xena e muitos outros são fãs declarados do seriado, que influênciou (e influencia) vários outros.

No fim das contas, eu só queria deixar registrado o meu agradecimento à todo mundo que ajudou a trazer Xena à vida. Por mais boba e piegas que a série possa ser muitas vezes, a importância que ela teve e tem na minha vida é grande. Não é qualquer série que sobrevive 15 anos na memória e no coração das pessoas. Quinze anos e suas reprises ainda são a maior audiência da Record. Infelizmente, as duas últimas temporadas nunca viram a luz do dia na tv aberta, embora tenham sido compradas pela rede do Bispo, que não as veicula muito provavelmente por conta do forte subtexto gay e das referências religiosas. Mesmo assim, continuem passando as reprises, nós continuaremos assistindo. Obrigada.

Por Kill