Qualquer ser humano vivente na civilização tem conhecimento da super cobertura do terremoto no Haiti pela mídia. A tragédia ocorreu em 12 de janeiro, causando comoção mundial e recebeu atenção geral dos veículos de comunicação, gerando uma onda de solidariedade em volta do pequeno país. Governos organizaram ações militares, ONG's e celebridades realizaram eventos beneficentes e inúmeras doações foram feitas para ajudar os sobreviventes em estado de calamidade.
Dois meses depois, no entanto, a história é outra. O Haiti já não é mais novidade e, por conseguinte, não é tratado como tal. O acontecimento foi esquecido e outras manchetes tomaram seu lugar nos jornais. Porém, apesar dos esforços, a situação no Haiti não tem apresentado melhoras.
Segundo o jornal americano The New York Times, a carência de abrigo vem causando um surto de estupro e assédio sexual que passa impune, uma vez que a segurança é praticamente inexistente, principalmente após o anoitecer. Além disso, as chuvas constantes causam alagamento, destroem barracas e tendas e tornam ainda mais difíceis tarefas como estocar comida, lavar roupas e manter a higiene pessoal. O governo procura espaço para construir abrigos, por enquanto sem sucesso.
A calamidade da situação é agravada pela falta de esforços, que vem diminuindo gradativamente, assim como a falta de interesse pelo assunto. Hoje, nenhuma página nos maiores portais de imprensa, no Brasil ou não, traz notícias sobre o Haiti. No máximo, uma postagem num blog afiliado ou uma matéria sobre a visita do ex-presidente estadunidense George Bush. Mas nada substancial.
O fato é que a rapidez com que a imprensa trata os assuntos acaba ofuscando a importância dos mesmos, dando lugar ao descaso que se instala na população. A indignação com a destruição de um país é logo substituída por algo mais absurdo, mais divertido e mais prazeroso, como se a tragédia alheia fosse apenas uma ficção ou já tivesse tomado bastante do nosso tempo - afinal, o país destruído é deles, não meu.
A herança que levamos é a negligência e, no fim das contas, o saldo da tragédia é muito maior que milhares de mortos.
Por Kill
Belo texto Kill. Informações são assim mesmo, antes Haiti, depois Chile, então caso Adriano no tráfico, hoje casal Nardoni. Cada período um assunto pra moralizar, julgar e afins. Acho que não apenas Haiti, mas só lembrarmos que muitas cidades de SP sofreram bastante na época e pouca foi a comoção. A ajuda e a preocupação são apenas imediatas, nada mais que isso ;~
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