21 de junho de 2010

Homem não presta

– Você me ama? – Perguntou ela.
– Amo. – Respondeu ele. Os dois estavam deitados na areia da praia olhando as estrelas, idéia dela. “Era romântico!”
– Muito?
– Muito.
– Quanto?
– Como assim quanto?
– É, quanto, tipo o seu amor por mim é maior que o universo, essas coisas...
– Mas ninguém sabe o tamanho do universo, gatinha.
– Por isso mesmo.
– E se o universo não tiver fim?
– Está dizendo o quê? – Disse ela se sentando. – Que o seu amor por mim tem fim?
– Não, claro que não. Meu amor por você é maior do que o universo, seja o universo do tamanho que for. – Disse por fim, o que a fez deitar novamente. – Mesmo com as suas complexidades.
– Como assim complexidades? – Disse ela se sentando novamente para encará-lo. – O que você quer dizer com isso, que eu não sou normal?
– Não, não. Que estar com você é algo especial, eu faço descobertas todos os dias, você é mais surpreendente do que eu pensei.
– Jura? – Disse ela se acalmando e voltando a se deitar.
– Juro, você é tudo o que eu sempre sonhei, uma mulher completa, com seus defeitos e qualidades.
– Que defeitos?
– Como assim defeitos?
– Defeitos, você disse que eu tinha defeitos. – Falou e se sentou mais uma vez.
– Pois é, tinha, não tem mais.
– Você está mentindo pra mim. – Falou ela, chorosa.
– Não estou mentindo, estou lhe poupando de certas verdades que você não aceita muito bem, e sabe por que faço isso? Porque te amo. Porque se eu não te amasse, não ia agüentar esses seus chiliques o tempo todo, a sua desconfiança e os seus ciúmes, a sua falta de modos à mesa, o seu mau gosto para me dar presentes, a sua mãe, aquele seu tio que só sabe contar piada de papagaio, a comida da sua avó...
– Seu cretino, seu safado... Eu não quero te ver nunca mais na sua vida!
– Na minha. Além de tudo ainda é burra.
– O quê?
– Nada.
– Eu sabia, eu sabia, minha mãe sempre disse que homem não vale nada, nem um tostão furado. Eu vou embora.

Ela se levantou e se foi. Ele ficou ali deitado por algum tempo e, só depois que foi assaltado, resolveu ir embora.

Por Hévilla Wanderley

3 comentários:

  1. Moral da história: Mulher procura ter do que se queixar. Fato.

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  2. Deyse Plácido24 junho, 2010 18:50

    kkkkkkkk adorei....

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  3. HAHAHAHAHAHAHA, seus contos são ótimos, Hévilla!

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