5 de maio de 2010

O futuro do cinema pós-3D


Assistindo ao Oscar 2010, a grande discussão girava em torno de dois filmes: "Guerra Ao Terror", de Kathryn Bigelow, filme quase documentário sobre a Guerra no Iraque, com duras críticas ao governo americano; e "Avatar", de James Cameron, quase um ode ao visual, com a incrível técnica de filmagem em três dimensões, atores interagindo com os cenários construídos por computação gráfica em tempo real, dando a sensação impressionante de realismo. Quem receberia o Oscar de Melhor Roteiro? E de Melhor Filme? Para muitos, seria algo decisivo para o futuro do cinema. Afinal, o que se prezaria a partir de agora? Filmes com roteiros inteligentes e bem desenvolvidos, ou apenas uma enxurrada de belas explosões e pirotecnias aleatórias?

Para começar, a discussão é infundada. Quando o cinema colorido e até mesmo o sonoro surgiram, questionamentos semelhantes foram pontuados, e o que vemos hoje é o que o cinema sempre foi, e sempre será: formas diferentes de se contar uma história. Desde o cinema-espetáculo, promovido massivamente por Hollywood, ao dito cinema-arte, ambos têm abordagens, objetivos e públicos diferentes. Não seria com o surgimento do 3D que bons roteiristas e diretores sucumbiriam ao apelo visual. O 3D surge como uma ferramenta que pode ampliar os horizontes narrativos, sendo um artifício extra para contar, de forma cada vez mais contundente, uma história, um universo ficcional.

Por fim, filmes com pouca profundidade de roteiro, prezando pelo visual sempre existirão, com ou sem a chegada do 3D, que é apenas uma tecnologia nova, como foi o chroma-key. O que devia realmente ser questionado é como utilizar essa nova ferramenta de maneira a enriquecer a arte de se fazer cinema.

Por André Lima (@AndreLML)

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