29 de maio de 2010

XIII FENART: Aplaudam o alheio

Infelizmente, parece que para nós, paraibanos, possamos assistir a uma performance teatral que faça sentir que o nosso dinheiro foi bem investido, precisamos esperar por algo de fora. Não estou aqui menosprezando a cultura paraibana, não. Porém, dai a César o que é de César. Não vou afirmar categoricamente que não existam bons espetáculos por aqui, pois estaria mentindo, mas acontece que estes existem em menor escala, numa desigual escala, se comparados aos do Sudeste, por exemplo. E alego desde já, o problema não é falta de talento dos nossos conterrâneos, mas a falta de importância e investimento voltados para essa área. Ou, porque não dizer, investimento mal direcionado.

Algumas pessoas, até mesmo aquelas responsáveis pelo desenvolvimento da educação e da cultura do nosso Estado, falam, equivocadamente, que não sabemos valorizar o que temos. Dizem que deixamos de valorizar o “nosso” para dar valor ao “alheio”. É uma maneira ignorante de se avaliar. Será que nós, assim como qualquer ser humano, não tendemos a gostar, a querer o melhor? Às vezes o que simplesmente não conseguem entender é que não somos obrigados a dar preferência ao “nosso”, quando este ainda carece de muita coisa, nos restando à alternativa de optar pelo “de fora”. Vejamos “Pastoril Profano”. É um grupo teatral, paraibano, que sempre atrai grande público. Mas, será mesmo que as pessoas só podem rir e se divertir com um tipo de comédia que recorre ao “pornográfico”? Não desmereço o talento dos atores, muito pelo contrário, até admiro o potencial de cada um deles e por isso afirmo que talvez eles pudessem render muito mais se investissem em outros estilos, além do costumeiro.

Falo tudo isso como uma forma de desabafo, ou, uma maneira de expor o meu descontentamento com os espetáculos originários daqui da Paraíba (não com todos é claro, mas com a maioria). Ao comparecer no FENART, na noite do dia 27 de maio, no Teatro Paulo Pontes, tive esta enorme vontade de comentar acerca desse tabu que diz: “Aprenda a valorizar sua cultura, não fique alienado à cultura Rio-São Paulo, não”. Poxa, quando os paraibanos saírem dassa postura defensiva e optarem por melhorarem, aí sim eles conseguirão ganhar mais adeptos e as salas de teatro estarão sempre cheias.

Procuramos fora o que não encontramos aqui, é simples. Eu, de fato, fiquei muito encantada com o que vi na noite passada. Um cenário magnífico, iluminação que não deixava a desejar. O espetáculo “Inveja dos Anjos”, do Armazém Cia. de Teatro, sob a direção de Paulo de Moraes (RJ), arrancou não apenas sorrisos, mas satisfação e encantamento de seus espectadores, que sequer viram a hora passar, falo isso como espectadora. A música, sempre que tocada, exprimia bem a emoção dos personagens e da cena como um todo. Por vezes tive a sensação de estar diante de outro mundo, era como se aquilo que estava bem em frente aos meus olhos realmente existisse. O espetáculo realmente conseguiu prender minha atenção, e suponho que a de todo o público, sem precisar usar de palavras de baixo calão o tempo inteiro. As cores, o som, a arte e a fantasia pairavam sobre aquele lugar, e isso sim é teatro.

Por Ysabelly Morais

3 comentários:

  1. O diretor do espetáculo "A inveja dos anjos" é Paulo de Moraes. Ele tambem participou do seminário "Modos de Criação e Processos Colaborativos na cena Contemporânea".

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  2. Eu senti isso que vc disse quando vi Vau da Sarapalha ^^
    Já pastoril profano, nunca vi e não tenho a mínima vontade de ver.

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  3. Corrigido, agradecemos o toque!

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